Ficou na tentativa
Eu já havia lido vários trabalhos da Clarice Lispector e sempre gostei do seu tipo de escrita: instigante, profunda e devastadora, algo que sempre foi além, que te deixa pensando e depois, muito tempo depois, ainda está na sua cabeça. Foi quando eu fiquei sabendo daquele livro: A Paixão Segundo G.H. Fiquei louca para ler, louca de um desejo desesperador, bem típico da minha personalidade, até porque paixão é sempre paixão e vai ser diferente para mim, para você ou para o outro. E para G.H. ...?
E então, a Mônica, amiga de faculdade, me deu o livro de presente. Fiquei encantada. E parti "para cima".
A leitura começou bem, até porque todas as características que eu sempre apreciei na Clarice estavam ali. Em abundância. Mas talvez um pouco além do que, naquele momento, eu poderia degustar.
Parei. Mas não esqueci o livro.
Passado um período, comecei a ler novamente o livro. De novo empolgação. Mas não demorou muito para a leitura "encalhar" pela segunda vez.
E nas duas vezes que isso aconteceu, entrei no que eu chamei de "crise" de leitura. Fiquei meio amargurada comigo mesma, em uma luta que eu inclusive já citei por aqui.
No ano passado, pela terceira vez (ah porque se tem algo que eu sou, esse algo é persistente), fui para a "empreitada". De novo, do início, para não perder o fio da meada antes mesmo de ele começar. Mas, pela terceira vez, a leitura virou-se contra mim.
Então do alto do salto 14 da minha persistência, desisti. Pelo menos por enquanto. Admiti que não consigo ler esse livro. Que sua profundidade é demais para a minha cabeça. Que é chato (difícil falar isso), que a leitura não flui, que não me dá prazer. E desculpe, mas se não dá prazer, no way.
Acho que hoje posso entender que a vida é assim. Tem a persistência sim, os embates saudáveis, mas, acima de tudo, prazer porque leitura é prazer.
PS.: Quem sabe um dia eu descubro a "paixão de G.H.". Por enquanto, vou tomar sol em outras praias.